O vento

O vento...


O vento soprava enquanto eu ia

Por caminhos tortuosos descia

No peito um coração que sofria

Mesmo assim minha alma sorria



Ser a brisa suave ele queria

Mas a pele na face enrijecia

O vento soprava enquanto eu ia

Ver onde o horizonte se perdia


Além do mar que se encolhia

Vou voar e me perder no céu um dia

Entre os anjos sei que me envolveria

Jamais provar a dor que me consumia

O vento soprava enquanto eu ia



terça-feira, 20 de julho de 2010

UM TECIDO, UMA SACIEDADE E A FOME.

Constatamos o constrangedor nível de abstração e imobilismo em todas as camadas do tecido social na atualidade brasileira o esquema que a sociedade apresenta demonstra a fragilidade estrutural em todo o país.
Os micros cosmos alimentam e retroalimentam os fenômenos humanos inseridos num contexto de consumo maximizado e incontrolável na busca da sublimação dos desejos mais imediatos e superficiais. O mercado sustenta-se no moto contínuo de autômatos desesperados vulneráveis ao poder devastador desse Moloch que cobra vidas, anseios esforços e toda a energia dos seres, o dinheiro, por ele se matam se prostitui os sonhos e a dignidade, a maquina social é dirigida por privilegiados que intervém através do capital na vida uterina da sociedade, provocando desigualdades desequilíbrios tão acentuados que o tecido social rasgou-se inexoravelmente.
Permanecer ainda conscientes após todos esses nocautes que sofremos diariamente é o desafio, nos confundiu viver numa “Saciedade” ou na busca dela em saciar o primitivismo instintivo e preservacionista do homem, hoje produz relações que podemos de classificar como a-históricas, a estética oficial molda e padroniza o comportamento dos indivíduos, Eduardo Galeano profetiza:“ O sonho de uma pulga é comprar um cachorro”, a confusão é tamanha, o estado delega suas atribuições, a sociedade esboça reação e tenta organizar-se, mas são tantas formas de subverter o valor mais essencial: a vida.
Romper, criar alternativa, esta é a perspectiva daqueles em que semente da usura e do arrivismo não germinaram, os raros lutam para resistir, adaptar-se e tangenciar é a estratégia, não permitir que a ganância assuma o controle das ações é uma busca permanente.
Mas sobrevivemos e mesmo deformada a sociedade alimenta a vida e a poesia nos dá forças e fugir para outro lugar em busca de uma realidade mais próxima do coração
André Soares

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