Hoje se refletirmos sobre o cenário em que somos expectadores e protagonistas simultaneamente poderíamos descrever como o de um filme de terror.
Uma nova crise de violência na Grécia motivada pela perda da soberania para o “capital global” que exigiu do governo medidas de austeridade econômica extremamente duras para a sociedade grega. Estamos na véspera do 1º de Maio, data histórica que nos remete ao ano de 1886, em Chicago o principal centro industrial dos Estados Unidos naquela época, é deflagrada a Greve Geral Até a Conquista organizada pelo movimento operário. Chicago em 1886 foi palco de cenas muito semelhantes as da Grécia na atualidade, violência institucional e repressão são as praticas truculentas do Estado presentes na história desde os seus primórdios. Enfrentamentos, prisões, mortos e feridos foi o resultado 124 anos atrás sendo presos August Spies, Sam Fieldem, Oscar Neeb, Adolph Fischer, Michel Shwab, Louis Lingg e Georg Engel como responsáveis pelos acontecimentos, Albert Parsons que também fora condenado permaneceu livre até o dia do julgamento quando se apresentou espontaneamente, o final deste episódio resulta na condenação á morte na forca de: Parsons, Engel, Fischer, Lingg, Spies, Fieldem e Schwab à prisão perpétua e Neeb a quinze anos de prisão, o dia 1º de Maio passou para a história como o Dia Mundial do Trabalho e ainda ecoa no tempo as palavras de Parsons: "Arrebenta a tua necessidade e o teu medo de ser escravo, o pão é a liberdade, a liberdade é o pão".
O Estado passou a organizar-se de forma preventiva e chega a atualidade amparando-se na legislação como tutor de toda vida social, fora da tutela do Estado tudo é ilegal, ilegítimo sem direito a liberdade como cidadão.
Este controle exercido sutilmente a que nos submetemos aponta o elevado grau do aperfeiçoamento dos mecanismos disponíveis a estrutura do poder que fracionam minimamente o indivíduo, manifestar resistência tem o devido tratamento. Não é ficção, hoje liberdade é uma daquelas palavras que carregam o peso da História, da filosofia, da apologia da arte, livre... Um ser livre, sonho, quimera, não estamos livres desde o ponto de vista biológico até o psicológico, liberdade é só uma palavra sonora e musical, já cantou o poeta, são tantos verbos de persuadir, são tantos objetos indiretos que sujeitam um sujeito a não existir, condicionais do porvir, a liberdade a despeito dos maniqueísmos é objetivo maior da humanidade, nascemos sonhando com a liberdade e no apagar das luzes ansiamos por ela . Mas quando nenhuma possibilidade da liberdade se tornar inatingível surge à revolta, fruto do medo, medo exatamente de nunca nos tornarmos livres, atacamos movidos por ódios, rancores devidamente guardados em seus compartimentos secretos, aflora o pior do gênero humano: a violência.
Somos bombardeados incessantemente por tanta informação direcionada que fatalmente nos tornamos reféns deste modelo, não esqueço a frase profética do Eduardo Galeano: “O sonho de uma pulga é comprar um cachorro” exatamente isto, um modelo onde a célula social, o ser humano, é despersonalizada em busca da saciedade primitiva com base no consumo desenfreado a partir do acumulo irracional de bens e valores. Provoca a competição, a cobiça do alheio num moto continuo nocivo que só aumenta os índices de violência urbana reflexo do desequilíbrio social. A alternativa é refletir e aproveitar momentos como o 1º de Maio repleto de memória e exemplo daqueles que não perderam sua energia criativa e sempre acreditaram no valor essencial da humanidade: a vida.
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SOCIEDAD OBRERA RIO GALLEGOS
O vento
O vento...
O vento soprava enquanto eu ia
Por caminhos tortuosos descia
No peito um coração que sofria
Mesmo assim minha alma sorria
Ser a brisa suave ele queria
Mas a pele na face enrijecia
O vento soprava enquanto eu ia
Ver onde o horizonte se perdia
Além do mar que se encolhia
Vou voar e me perder no céu um dia
Entre os anjos sei que me envolveria
Jamais provar a dor que me consumia
O vento soprava enquanto eu ia
Quem sou eu
domingo, 2 de maio de 2010
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